Terra de Ninguém

Terra de Ninguém: Ex-gerente da ANM nega ter recebido propina para favorecer empresas

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Sábado, 02 de Fevereiro de 2019 – 07:00
por Ailma Teixeira

Investigado pelo suposto recebimento de propina para priorizar processos na Gerência Regional baiana da Agência Nacional de Mineração (ANM), o servidor Claudio da Cruz Lima nega as acusações. Com 11 anos de carreira, ele afirma que nunca aceitou dinheiro para favorecer empresas. O servidor foi exonerado do cargo de gerente regional na última quarta (30) após a deflagração da Operação Terra de Ninguém.

Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

Segundo informações da Polícia Federal (PF), Lima, seus antecessores Raimundo Sobreira e Adiel Veras, outros três servidores do órgão e quatro técnicos de empresas de mineração foram alvos da operação (saiba mais aqui), na manhã de segunda (28).

De acordo com o advogado Gilberto Lins, a PF articulou      uma “condução coercitiva dissimulada” para levar o servidor a depor sem a presença de um advogado e sem mandado para isso. O depoimento, então, foi interrompido com a chegada dos representantes da defesa e ainda não foi remarcado. Na casa de Lima, os agentes apreenderam seu telefone celular e R$ 2,8 mil em espécie.

Em entrevista ao Bahia Notícias, o agora ex-gerente afirma que recebeu com extrema surpresa a notícia de que era investigado por suspeita de integrar uma organização criminosa. “Todo dia, 7h15 eu estava na agência e nunca saía antes das 17h. Você conhece servidor público que trabalha dia de sábado? Eu trabalhava e tenho comprovação disso porque nós batemos ponto, então é muito difícil ler notícias de que você participa de uma organização criminosa depois de tanta dedicação, depois que eu cheguei no mais alto cargo da minha vida, acabar com tudo em tão pouco tempo. Isso machuca pra caramba”, desabafou.

Servidor de carreira no órgão desde outubro de 2007, Lima conta que atuou como chefe de Fiscalização de julho de 2016 até dezembro do último ano. Com a reestruturação do órgão, que passou de Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para a ANM em dezembro, se criou o cargo de gerência regional, cujos critérios exigem que o indicado tenha nível superior, seis anos de atuação na área e seja funcionário público. Dessa forma, Sobreira indicou Lima para o deputado federal João Carlos Bacelar (PR), que o indicou para a diretoria colegiada do órgão, que, por fim, aprovou seu nome.

No entanto, Lima ressalta que sequer atuou na função. Nomeado do dia 28 de dezembro, ele disse que saiu de férias em 15 de janeiro de 2019. Pouco depois, no último dia 30, ele foi exonerado do cargo. “Entre 28 de dezembro e 14 de janeiro, não existe nenhum ato publicado em Diário Oficial meu porque não houve delegação de competência, não deu tempo”, explica, ressaltando ainda que houve o recesso de fim de ano nesse período.

Quanto à relação com Bacelar (veja aqui), o investigado frisa que só esteve em contato com o parlamentar três vezes. Uma em novembro quando foi indicado para o cargo, outra em dezembro quando foi questionado se aceitaria o posto e a última em janeiro, quando Bacelar teria ido parabenizá-lo pela promoção. “Em nenhum desses três contatos, ele me pediu nada ilegal ou pra fazer nada ilícito. Nunca teve esse tipo de conversa e ele nem insinuou que ia me pedir isso. Ele falou: ‘jamais eu vou pedir alguma coisa a você que seja ilegal'”, defende. A PF ressaltou que, até o momento, nenhum político é investigado na operação. A relação confirmada se resume às indicações, já que, de fato, são políticas.

Agora, com a investigação em curso, Lima e seu advogado esperam que a PF entregue o inquérito completo para que eles possam apresentar a defesa — o pedido para ter acesso à documentação foi entregue na terça (29). Enquanto isso, a Polícia Federal dá continuidade às investigações com a análise dos materiais colhidos e a oitiva de depoimentos.

FONTE: Bahia Notícias

 

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